Você já pensou em usar um nootrópico, mas ficou em dúvida se os nootrópicos são legais? O universo dos nootrópicos é vasto e, muitas vezes, complicado. Com uma infinidade de substâncias que prometem potencializar a alerta, a cognição, a memória e o humor, surge a dúvida: é possível adquirí-los em seu país?
Nootrópicos são definidos como substâncias, tanto naturais quanto sintéticas, que podem ser vitaminas, minerais, aminoácidos ou antioxidantes, e que visam melhorar a função cerebral. Além dos nootrópicos, existem também os “smart drugs”, que incluem estimulantes utilizados no tratamento de condições médicas, como ADHD e narcolepsia.
A legalidade desses produtos varia significativamente entre os países, tornando essencial compreender como as leis locais podem impactar o acesso a essas substâncias que potencialmente melhoram o desempenho cognitivo e a qualidade de vida.
Nootrópicos são legais? O caso da Austrália
A estrutura legal que regula substâncias para consumo humano, incluindo nootrópicos e medicamentos na Austrália, é dividida em classes. A Administração de Bens Terapêuticos (TGA), que desempenha um papel semelhante ao da FDA nos Estados Unidos, é responsável por este sistema de classificação que abrange nove categorias, do Cronograma 1 ao Cronograma 9.
- Cronograma 2 (Medicamento de Farmácia): inclui a maioria dos nootrópicos, tanto naturais quanto sintéticos. Substâncias como Alpha GPC e cafeína estão nesta categoria.
- Cronograma 3 (Medicamento Somente para Farmacêutico): aqui estão a maioria dos nootrópicos não incluídos no Cronograma 2, com exceção de Piracetam e Modafinil.
- Cronograma 4 (Medicamento Somente com Prescrição): Piracetam e Modafinil estão nesta classe e requerem receita médica para aquisição.
- Cronogramas 5 a 9: contêm categorias como “cuidado”, “veneno”, “veneno perigoso”, “droga controlada” e “substância proibida”, abrangendo drogas como cocaína, ecstasy, MDMA e maconha.
No que se refere à legalidade, qualquer nootrópico classificado como Cronograma 3 ou inferior pode ser legalmente comprado e vendido na Austrália. Suplementos à base de ervas utilizados como nootrópicos não precisam de receita. Já substâncias sintéticas derivadas de plantas naturais podem ser comercializadas, desde que não sejam publicamente promovidas como “medicamentos”.
Medicamentos do Cronograma 4, como Piracetam e Modafinil, precisam de prescrição. Contudo, através do “Esquema de Importação Pessoal,” é permitido importar até três meses de suprimento de substâncias do Cronograma 4 de fornecedores fora da Austrália.
É importante destacar que Piracetam não é classificado como um “veneno”, mas sim como um medicamento de prescrição. Além disso, alguns nootrópicos novos, como Aniracetam, Coluracetam e Noopept, ainda não foram oficialmente classificados, mas podem ser adquiridos de fornecedores australianos, que não podem fazer alegações de que são “medicamentos”.
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Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regula a venda de alimentos e o registro de medicamentos no Brasil. A política regulatória do país exige que a maioria dos ‘medicamentos’ seja vendida “por trás do balcão”. Além disso, os médicos e farmacêuticos devem seguir o sistema de “listras” da ANVISA, que classifica os medicamentos de acordo com seus níveis de risco.
Os “Medicamentos de Listra Vermelha” e os “Medicamentos Psicoativos de Listra Vermelha” exigem receita médica. Desde agosto de 2022, relatos da comunidade indicam que nootropicos como Coluracetam, Nefiracetam e Centrophenoxine se enquadram nessa categoria. A importação desses medicamentos pode ser complicada, com riscos de que os envios sejam retidos na alfândega.
No entanto, alguns nootrópicos, como Phenibut, Noopept, Aniracetam e Ginkgo Biloba, estão disponíveis sem receita em farmácias brasileiras. Além desses, diversos nootrópicos de origem herbal podem ser facilmente acessados e não possuem restrições.
Canadá
Saúde Canadá é responsável pela regulamentação de medicamentos no país, atribuindo um Número de Identificação de Medicamento (DIN) a cada produto. Apesar de alguns nootrópicos, como os racetams, não possuírem DIN, Piracetam é considerado um “medicamento” e não pode ser vendido por fornecedores de nootrópicos canadenses.
Embora a posse de racetams para uso pessoal seja legal, a importação é limitada a um suprimento de três meses, preferencialmente dos EUA. Importações de outros países, como a China, podem ser retidas pela alfândega.
Nootrópicos adicionais, como ervas, vitaminas, minerais, aminoácidos e antioxidantes, são regulamentados pela Diretoria de Produtos de Saúde Naturais e Não Prescricionais (NNHPD) e estão amplamente disponíveis sem receita no Canadá.
China
A China se destaca como a maior dispensária de drogas nootrópicas do mundo. A maior parte do Piracetam global é proveniente desse país. Ao contrário do que muitos acreditam, os padrões de controle de qualidade para nootrópicos e outros medicamentos na China são bastante rigorosos.
Esse abastecimento local e de alta qualidade facilita a compra de nootrópicos pelos cidadãos chineses, sem a necessidade de receita médica. Entre os produtos disponíveis, estão drogas cognitivas como Modafinil e Provigil, exceto em Hong Kong.
A motivação para o uso de nootrópicos na China é elevada. Pesquisa realizada pelo Pew Global Attitudes Project revelou que dois terços da população acredita que os pais pressionam excessivamente as crianças a se destacarem academicamente. Dessa forma, muitos estudantes recorrem a nootrópicos para melhorar seu desempenho, especialmente durante os exames.
Um dos nootrópicos que recebe atenção especial é o Huperzine-A, que é comercializado tanto como suplemento de venda livre quanto como medicamento prescrito para tratar a Doença de Alzheimer.
União Europeia
A legislação sobre nootrópicos na União Europeia apresenta uma complexidade significativa, uma vez que a definição do que é considerado um “medicamento” varia entre os 28 países membros. Assim, a legalidade de substâncias específicas pode diferir amplamente entre as nações.
Em futuras atualizações deste artigo, a inclusão de informações sobre mais países da UE poderá ser realizada, dependendo do retorno dos leitores na seção de comentários. Portanto, se alguém residir em um país da UE não listado, suas contribuições sobre a legalidade dos nootrópicos e a necessidade de receitas médicas serão bem-vindas.
Atualmente, as informações a seguir apresentam uma visão geral sobre quais nootrópicos exigem prescrição médica na União Europeia:
- Piracetam e outros racetams têm status legal variado.
- Países onde Piracetam não requer receita:
- Bélgica
- República Tcheca
- Ucrânia
- Países onde Piracetam não requer receita:
Entretanto, a maioria dos outros racetams frequentemente não é listada como medicamento prescritivo em alguns países europeus. Isso pode dificultar a importação desses compostos.
Países que exigem prescrição para Piracetam incluem:
- Itália
- Bélgica
- França
- Finlândia (vendido como Lääkelait)
- Alemanha
- Suécia
- Suíça
- Países Baixos
- Noruega
- Polônia (vendido como Nootropil & Memotropil)
- Espanha (vendido como Nootropyl)
O Vinpocetine pode ser classificado tanto como um medicamento quanto como uma erva natural. Na União Europeia, é geralmente considerado um ‘medicamento’ e sua venda requer receita em muitos países, onde é comercializado como Cavinton®.
O CDP-Choline (Citicolina) foi introduzido em vários países europeus como medicamento prescritivo, mantendo esse status por toda a Europa. Por outro lado, o Alpha GPC, que também potencializa a acetilcolina (ACh), apresenta restrições legais ligeiramente mais leves e é encontrado em diversos nootrópicos populares na União Europeia, apesar de algumas nações tratarem-no como medicamento prescritivo.
França
Na França, medicamentos prescritos são catalogados como Ordonnances, enquanto os medicamentos sem prescrição geralmente ficam disponíveis “atrás do balcão”. Recentemente, o governo tem facilitado o acesso a mais medicamentos não prescritos, visando aliviar a pressão sobre o sistema público de saúde.
Essa mudança resultou em uma maior disponibilidade de nootrópicos no mercado francês. O Piracetam, entretanto, está classificado na Ordonnance-Liste II, considerada uma “substância tóxica”, sendo necessário obter uma receita médica para sua compra.
Outros racetams podem ser importados para uso pessoal, desde que a quantidade não exceda três meses. A Vinpocetine também está listada na Ordonnance, requerendo receita para aquisição.
Alemanha
O governo alemão é conhecido por sua postura rigorosa em relação à importação de nootrópicos que não possuem aprovação oficial. Essa abordagem não é surpreendente, dado que a Alemanha é um dos países líderes em pesquisa sobre produtos fitoterápicos e homeopatia.
As políticas de regulamentação de alimentos e medicamentos são geridas pelo Bundesinstitut für Arzneimittel und Medizinprodukte (Instituto Federal de Medicamentos e Produtos Médicos, ou BfArM). Esta autoridade federal, inserida no Ministério da Saúde da Alemanha, tende a aprovar substâncias com base em seu valor medicinal, em contraste com a percepção de muitos países que veem os nootrópicos como substâncias “recreativas”.
A Alemanha possui um compromisso sério com suas práticas fitoterápicas. O departamento de Medicinas Complementares e Alternativas (CAM) dentro do BfArM afirma que a legislação médica alemã reconhece as particularidades dos sistemas terapêuticos. Por isso, comissões específicas foram estabelecidas para apoiar o trabalho do BfArM, oferecendo expertise médica nas áreas de produtos medicinais antroposóficos, homeopáticos e fitoterápicos.
No contexto da regulamentação, o Piracetam é classificado como verschreibungspflichtig, significando que só pode ser obtido com prescrição médica e é ilegal para importação. Outras substâncias da família racetam não são regulamentadas pelo BfArM, mas pode haver dificuldades na importação dessas substâncias, uma vez que estão relacionadas ao Piracetam.
O Ginkgo Biloba, amplamente estudado na Alemanha, é um dos suplementos mais populares e é utilizado como um fitoquímico prescrito para o tratamento de problemas cardiovasculares. Vinpocetine também requer prescrição e é utilizado no tratamento da Doença de Alzheimer.
Rússia
A Rússia se destaca por seus avanços na pesquisa de nootrópicos, impulsionada por investimentos significativos na divisão de “Genética Molecular” da Academia de Ciências da Rússia. Com produtos como o Phenylpiracetam e o Noopept sendo desenvolvidos no país, a pesquisa em nootrópicos é uma prioridade.
Dr. Corneliu Giurgea, o criador do Piracetam, é uma figura central nesta história. Ele realizou grande parte de seu trabalho na Primeira Universidade Médica Pavlov, em São Petersburgo. Nootrópicos são amplamente utilizados na Rússia para diversos fins, incluindo tratamentos médicos, apoio a cosmonautas em viagens espaciais e melhoria de desempenho atlético.
Em relação ao acesso a suplementos nootrópicos, as autoridades russas possuem uma abordagem relativamente permissiva. Apesar disso, a legislação pode ser confusa, já que médicos da região frequentemente prescrevem esses produtos para seus pacientes. O status de prescrição de nootrópicos muitas vezes varia de acordo com o nome da marca, e não com o nome da substância. Por exemplo, o Piracetam, comercializado como Nootropil®, requer receita médica, mas versões como Memotropil® podem ser adquiridas sem restrições.
Reino Unido
A Lei das Substâncias Psicoativas de 2016 foi implementada para proibir os “Legal Highs” no Reino Unido e entrou em vigor em 26 de maio de 2016. Esta legislação cria uma zona cinza em relação aos nootrópicos, levando os principais fornecedores a suspenderem a venda de certos racetams para evitar complicações legais.
A redação da lei é crucial para entender suas implicações. Ela estabelece que:
“Uma substância deve ser capaz de ter um efeito psicoativo para ser abrangida pela nova legislação. Um efeito psicoativo é algo que afeta o funcionamento mental ou o estado emocional de uma pessoa, estimulando ou deprimindo seu sistema nervoso.”
Os efeitos que podem ser associados a drogas controladas, como:
- Alucinações
- Mudanças na alerta
- Percepção do tempo e espaço
- Humor ou empatia com os outros
- Sonolência
Esses efeitos podem se aplicar a quase qualquer nootrópico. A lei proíbe a importação, exportação, fornecimento e produção da maioria das substâncias psicoativas no Reino Unido, com penas de até 7 anos de prisão para infratores.
Embora a posse de substâncias psicoativas, incluindo nootrópicos, continue sendo legal, isso posiciona os neurohackers em uma situação complicada. É possível “possuir” nootrópicos, mas a compra de produtos que não sejam classificados como suplementos dietéticos naturais é restrita.
O Piracetam pode ser obtido no Reino Unido com receita médica. Contudo, outros nootrópicos da classe dos racetams, como Aniracetam, Pramiracetam e Oxiracetam, enfrentam dificuldades de compra ou importação devido a sua proximidade estrutural com o Piracetam.
Vinpocetine não requer receita para compra, mas muitos países europeus a restringem como medicamento sujeito a prescrição. Isso pode dificultar ainda mais a aquisição dessa substância no Reino Unido.
Por outro lado, Sulbutiamine está disponível livremente sem receita. A materialização de Phenibut no mercado é complicada, pois apesar de ser não regulamentada, sua venda não licenciado é uma infração. O mesmo vale para Noopept.
Enquanto isso, Centrophenoxine é um medicamento sujeito a prescrição, mas Alpha GPC e CDP Choline (Citicoline) estão disponíveis sem receita. Suplementos herbais, vitaminas, aminoácidos e antioxidantes com efeitos nootrópicos podem ser vendidos livremente e não estão afetados por esta nova lei.
Estados Unidos
Nos Estados Unidos, todas as substâncias nootrópicas são, na sua maioria, legalmente acessíveis para compra. Não há restrições legais sobre a posse ou consumo dessas substâncias.
Entretanto, para fabricantes e fornecedores, a legislação apresenta uma área cinzenta. Embora os nootrópicos sejam legais, eles não podem ser comercializados como “suplementos alimentares”. Aqueles que não se qualificam como ervas naturais, vitaminas, aminoácidos ou antioxidantes devem ser vendidos como “compostos de pesquisa”.
Isso significa que, para um neurohacker americano, a responsabilidade de determinar informações úteis, como dosagens recomendadas ou Percentual do Valor Diário, recai inteiramente sobre os usuários. Tal rotulagem indicaria que os produtos são para consumo humano. Plataformas como Nootropics Expert são, portanto, cruciais para a comunidade nootrópica.
Diferente do que se pensa, Piracetam NÃO é proibido nos EUA. A FDA instruiu alguns fornecedores a deixarem de comercializá-lo como “suplemento alimentar”. Por ser um composto sintético, não se enquadra na Lei de Saúde e Educação de Suplementos Alimentares de 1994 (“DSHEA”). Os racetams, como Piracetam, não podem ser classificados como alimentos, e outros nootrópicos derivados de plantas, como Sulbutiamina, Vinpocetina e Huperzina-A, também se inserem nessa classificação.
Referências
“Esquema de importação pessoal“, Departamento de Saúde do Governo Australiano – Administração de Bens Terapêuticos, 18 de março de 2015 tga.ogv.au.
“Os americanos querem mais pressão sobre os estudantes, os chineses querem menos” Pew Research Center pewglobal.org 23 de agosto de 2011 Recuperado em 2 de agosto de 2016.
Gorvett Z. “Doping cerebral: uma revolução silenciosa” Asian Scientist1 de outubro de 2012 recuperado em 2 de agosto de 2016.
“Lei de Substâncias Psicoativas de 2016: orientação para varejistas” gov.uk do Ministério do Interior.
Perguntas Frequentes
Os nootrópicos são substâncias controladas ou posso adquiri-los livremente?
A legalidade dos nootrópicos varia de acordo com o país. Em muitos lugares, certos nootrópicos podem ser comprados sem restrições, enquanto outros podem ser classificados como substâncias controladas. É importante verificar as leis locais para saber como esses produtos são regulamentados.
Existe algum nootrópico proibido para uso no Brasil?
No Brasil, alguns nootrópicos podem ser considerados ilegais ou restritos. Por exemplo, substâncias sintéticas específicas podem não ter aprovação para uso sem supervisão médica.
Os nootrópicos necessitam de prescrição médica?
Nem todos os nootrópicos exigem prescrição médica. Algumas fórmulas naturais e suplementos estão disponíveis livremente, enquanto medicamentos mais fortes, como aqueles usados para o tratamento de condições como ADHD, podem precisar de receita. É essencial pesquisar cada produto individualmente.
Há regulamentação específica para nootrópicos naturais no Brasil?
Os nootrópicos naturais geralmente não têm a mesma regulamentação rigorosa que os medicamentos sintéticos.
Como posso saber se um nootrópico é seguro e aprovado pelas autoridades de saúde?
Para determinar a segurança de um nootrópico, deve-se procurar informações sobre a aprovação por entidades regulatórias, verificar a rotulagem, pesquisar estudos clínicos e consultar médicos são etapas importantes.
Produtos vendidos como nootrópicos são supervisionados pela ANVISA?
Sim, produtos classificados como nootrópicos no Brasil estão sujeitos à supervisão da ANVISA, desde que sejam comercializados como suplementos alimentares ou medicamentos. A agência realiza inspeções para assegurar que esses produtos atendam a padrões de qualidade e segurança.